segunda-feira, 2 de setembro de 2013

SINDROME DE UNAMUNO

“Apresento-me perante vossa majestade porque me concedeu a honra da cruz de Afonso XII que tanto mereci.” “É estranho,” replicou o rei, “todos os outros que a receberam me asseguraram que a não mereciam.” Unamuno respondeu prontamente: “E tinham razão!”
Era assim Miguel de Unamuno. Republicano, depressa se desiludiu com o regime que depôs a monarquia por pensar que aquele destruía a Espanha que tanto amava. Basco de origem, tinha orgulho em pertencer à Espanha de Cervantes. Vê-se assim forçado a aclamar o líder dos rebeldes, o general Franco, achando nele o salvador que a Espanha precisava. Foi breve o encantamento. Na sua amada universidade de Salamanca, perante o governador civil, o bispo de Salamanca e a mulher de Franco, sentindo que ficar calado era o mesmo que mentir, discursou violenta e bravamente contra o brado fascista de “viva la muerte” do general Millán Astray. Perdeu o cargo e morreu um par de meses depois.
A isto chamo a síndrome de Unamuno: de que lado ficar quando ambos os lados não prestam?
Foi ao ler o discurso de Unamuno num dos blogues da minha preferência, que me lembrei que neste meu blogue, há mais de um ano, em Julho de 2012, no rescaldo das Olimpíadas de Londres, falei do assalto a Allepo na Síria. Agora que Obama, prémio Nobel da paz, faz soar os tambores da guerra, qual deve ser a nossa atitude? Entre um regime assassino e assassinos rebeldes, de que lado ficar? É que os “vivas à morte” ouvem-se de todos os lados!
 
O discurso de Unamuno:


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