domingo, 16 de julho de 2017

HOMOSSEXUALIDADE, COISA OU ANOMALIA?


Gentil Martins, reputado cirurgião, emitiu uma opinião disparatada, não muito diferente daquela outra de Cunhal quando, referindo-se ao mesmo assunto, disse ser “uma coisa muito triste”, o que ninguém diria quando toda a gente sabe que o petit nom da “coisa” para um, e “anomalia” para outro, é alegria (gay). Que Gentil Martins não tenha tido tempo para uma instrução e cultura mais clássica que lhe evidenciasse a normalidade da “anomalia” percebe-se, já Cunhal, com uma preparação clássica notável, podia ter evitado a tristeza de tamanha falta de conhecimento sobre os alegres prazeres dos deuses.
O que também não se percebe é o ajuntar de lenha para os lados da Gago Coutinho quando toda a gente sabe que os autos de fé se faziam no Rossio ou no Terreiro do Paço.
A opinião, mesmo que disparatada, julgo eu, ainda é livre, e parece-me anómalo alguém andar à escolha de um sambenito para vestir ao gentil médico, quando se sabe que a inquisição já acabou vai para dois séculos, e será difícil encontrar exemplares nos armazéns da baixa, mesmo em época de saldos, e Santa Comba Dão fica fora de mão.


Imagem: bustos do imperador Adriano (um dos melhores que Roma teve) e do seu amante Antinoo a quem Pessoa dedicou um poema em inglês. No insuspeito? museu do Vaticano.

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