A partir de hoje,
publicarei em 4 partes os monólogos de Gioconda. Monólogos descobertos a partir
das mais sofisticadas técnicas usadas sobre a famosa pintura de da Vinci.
…
- O vestido? Que tem? Levei-o ao baile do governador. É
o melhor que tenho… da melhor seda… disse governador, não Lorenzo… Ofende-me,
Leonardo. Não sou tão velha. Era uma menina no tempo dos bailes de Lorenzo.
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- O véu? Que tem?... Quer que tire? Francesco
matava-me! Não sabe que fui mãe? Por isso é que me pinta!
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- Pintor de paredes…
…
- O quê? Desculpe, pensava alto… o que eu disse? Pintor
de paredes. Foi o que a mulher do governador lhe chamou quando contei que
Francesco lhe encomendara o retrato… Então? Ofendeu-se! Então não sabe como ela
é? Desde que o marido é governador diz a toda a gente que descende dos Médici…
tontices! Vá, pegue lá no pincel. Aposto que a parede ficou linda, pronto! Vá,
não faça beicinho.
…
- Se eu já fui a Milão? Fazer?!... Ver a parede?
Leonardo, não diz coisa com coisa. Que parede?... Ah, a que pintou? E o que foi?
Mulheres nuas, aposto… É num convento? Então foram anjos… acertei? Não? Você
acha que estou interessada no que pinta nas paredes?... Milão? Não, não fui.
Aquilo não é sítio para uma mulher de respeito. Se não é o rei da França é o
Sforza, se não é o Sforza são os suíços… nunca se sabe quem lá está. Não, temo
bem que não verei a sua parede.
…
- Desculpe. Disse alguma coisa? É que me aborreço e
dormitei… O vestido? O que tem? Já disse que é o melhor que tenho, e da melhor
seda. Não é por me gabar, mas Francesco guarda sempre as melhores sedas para
mim… O quê? Quer o quê?... Que puxe o decote mais para baixo?... Não vê o quê?...
O contorno? Olhe, sabe que mais, fartei-me. Vou-me embora, e escusa de esperar
por mim amanhã.
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