sexta-feira, 22 de março de 2013

MONÓLOGOS DE GIOCONDA - PARTE I

A partir de hoje, publicarei em 4 partes os monólogos de Gioconda. Monólogos descobertos a partir das mais sofisticadas técnicas usadas sobre a famosa pintura de da Vinci.
 


Parte I:
 -       Está bem assim?... Pronto, já pus a mão esquerda sobre a direita… Ao contrário? Podia ter dito logo, tenho de me virar… Porquê? Para apoiar o esquerdo sobre o braço da cadeira... Já está.
-       O vestido? Que tem? Levei-o ao baile do governador. É o melhor que tenho… da melhor seda… disse governador, não Lorenzo… Ofende-me, Leonardo. Não sou tão velha. Era uma menina no tempo dos bailes de Lorenzo.
-       O véu? Que tem?... Quer que tire? Francesco matava-me! Não sabe que fui mãe? Por isso é que me pinta!
-       Pintor de paredes…
- O quê? Desculpe, pensava alto… o que eu disse? Pintor de paredes. Foi o que a mulher do governador lhe chamou quando contei que Francesco lhe encomendara o retrato… Então? Ofendeu-se! Então não sabe como ela é? Desde que o marido é governador diz a toda a gente que descende dos Médici… tontices! Vá, pegue lá no pincel. Aposto que a parede ficou linda, pronto! Vá, não faça beicinho.
-       Se eu já fui a Milão? Fazer?!... Ver a parede? Leonardo, não diz coisa com coisa. Que parede?... Ah, a que pintou? E o que foi? Mulheres nuas, aposto… É num convento? Então foram anjos… acertei? Não? Você acha que estou interessada no que pinta nas paredes?... Milão? Não, não fui. Aquilo não é sítio para uma mulher de respeito. Se não é o rei da França é o Sforza, se não é o Sforza são os suíços… nunca se sabe quem lá está. Não, temo bem que não verei a sua parede.
-       Desculpe. Disse alguma coisa? É que me aborreço e dormitei… O vestido? O que tem? Já disse que é o melhor que tenho, e da melhor seda. Não é por me gabar, mas Francesco guarda sempre as melhores sedas para mim… O quê? Quer o quê?... Que puxe o decote mais para baixo?... Não vê o quê?... O contorno? Olhe, sabe que mais, fartei-me. Vou-me embora, e escusa de esperar por mim amanhã.


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