sábado, 9 de novembro de 2013

CUNHAL E O MURO DE BERLIM

 

O muro de Berlim caiu faz hoje 24 anos. Foi derrubado por todos aqueles que se atreveram a passá-lo e deram a vida por isso. Se não fosse a sua coragem e o seu amor à liberdade, talvez hoje ainda lá estivesse. O que se pode dizer mais?

Cunhal faria amanhã 100 anos. Não sei se justificou o muro, mas o partido a que presidiu e o seu órgão de informação justificaram, como justificaram os crimes do regime que defendiam. Pior, expulsaram quem não se calou e não justificou!

A luta pelos seus ideais não podia justificar o silêncio e muito menos a defesa dos atentados à liberdade, como o daquele muro que caiu.

É difícil falar mal de Cunhal. Como formigas ou vermes somos esmagados pela bota enorme que é a história da sua vida. A sua coragem e o seu desprendimento calam-me toda a revolta contra os seus crimes, que me estala no peito.

E que crimes cometeu Cunhal? O silêncio sobre os crimes que os regimes comunistas cometeram é o seu maior e, talvez, o seu único crime.

Pecado grande é o da omissão. Talvez um dos maiores.

Camus, que também nasceu há 100 anos, um comunista que não mentiu nem silenciou, disse, ao receber o Nobel, que havia dois compromissos difíceis de manter, mas ambos imperativos: a recusa de mentir sobre aquilo que sabemos e a resistência à opressão. Cunhal cumpriu um desses imperativos.

Cunhal talvez mereça que falem bem dele. Eu não consigo.



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