segunda-feira, 31 de março de 2014

REFLEXÕES À MARGEM DA QUARESMA OU HOLLYWOOD DA FÉ


Costuma dizer-se que a televisão tem horror ao vazio, por isso massacra-nos por alturas do Natal e da Páscoa. É que os acontecimentos que se comemoram nessas datas não foram captados em vídeo e a televisão desespera tentando mostrar e relatar como tudo aconteceu.

Este ano teremos a sorte de poder apreciar uma Nossa Senhora com extensões, fazendo jus à competência dos cabeleireiros de Los Angeles, chorando por um português, aleluia, que triunfa em Hollywood.
         
Se para apreciar esteticamente as circunstâncias que definem a minha Fé prefira o que Bach nos legou, não me desgosta no entanto saber que o Diogo Morgado representou bem o papel de Jesus num filme. Fica-se no entanto com a impressão que o representante é mais importante que o representado. Isto é, podia a televisão aproveitar a deixa e promover debates e mesas redondas sobre a crença no homem que mais influenciou o Ocidente nestes dois últimos milénios, e se essa crença corresponde ou não à nossa, os que se dizem cristãos, e se deve ou não continuar a influenciar o curso da História.

          Discutir o Diogo Morgado nesta Páscoa, maravilharmo-nos com as frases post it atribuídas ao Papa Francisco, ou interrogarmo-nos sobre a nossa crença no ressuscitado, é uma escolha que teremos, nós os cristãos, de fazer. O que somos e o que queremos ser depende muito dessa escolha. 

2 comentários:

  1. Como sempre com a lucidez do pensamento delicia-nos com a sublime forma de escrita convidando-nos a reflectir sobre a história do Homem ou o homem da estória.
    Forte abraço

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    1. Muito obrigado pelo comentário. De facto disse tudo: a história do Homem ou o homem da estória. Perdemo-nos muito por aí. Um abraço.

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