sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

SEXO UNIVERSITÁRIO

ou Abelardo e Heloísa revisitados


            Corria o ano de 1958 quando, no estado americano da Virgínia, três agentes da autoridade irromperam no quarto onde dormia um casal de recém-casados. Foram presos e condenados porque a noiva era negra e o noivo branco: Mildred e Richard Loving.
Felizmente hoje já não é possível ser-se preso por casamento, namoro ou sexo interracial. Um homem negro ou branco pode ter relações sexuais, namorar e casar com uma mulher negra ou branca, ou mesmo com outro homem, negro ou branco. Pelo menos no chamado mundo ocidental. Mas desenganem-se os que pensam que podem cantar vitória à liberdade e ao amor livre tão aclamado pelo Maio de 68. É que o mundo dá-se mal com a liberdade e, 56 anos depois do drama de Mildred e Richard, as universidades americanas, e de entre elas a prestigiada Harvard, decidiram proibir os namoros entre funcionários e alunos, todos adultos capazes de votar e serem eleitos.
Pergunto-me como reagirão professores e alunos de Filosofia e Literatura ao lerem as cartas de Abelardo e Heloísa escritas há 860 anos. Pergunto-me porque não se incendiaram já aqueles verdes campus onde a rebeldia devia andar à solta? Como se esqueceram já do famoso slogan de Maio de 68: é proibido proibir?
        Diz o Papa Francisco que não faz mal dar umas palmadas aos filhos. Talvez tenha razão. À força de tanta moleza da mão dos pais, desabituaram-se os jovens à rebeldia que devia ser própria da idade.



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