O
condado Portucalense era um condado que a Norte ora acabava no Lima, ora no
Minho, e a Sul, ora no Douro, ora no Mondego. Conforme as birras dos mouros ou
dos galegos. E não, Guimarães não tinha nada a ver com a Lusitânia, província
romana que começava no Douro e ia até ao Algarve, alargando-se a Salamanca e
Mérida.
Afonso,
um galego afrancesado, depois da secessão do reino de Leão, conquistou as
antigas terras da Lusitânia sem qualquer referendo, e os seus filhos continuaram a conquistar terras e
só pararam em Timor. Do Mondego até Timor é tudo terra conquistada e
colonizada. Isto é, Angola e Moçambique são como a Beira Baixa e o Alentejo… Tá bem, não é bem igual, a Beira Baixa não
tem praia.
Agora
estamos só até à Madeira, mas isso não quer dizer que não termine tudo outra
vez no Mondego, que a descolonização não foi completa. Lá diz o pessoal do FCP
que abaixo do Mondego é tudo mouro. Uns referendos e tal e a coisa compõe-se.
Depois
vem o 1640. Ó meus meninos, 1640 é a época em que a Catalunha de repente
descobriu que já não queria ser espanhola porque queria ser francesa. Coisa de
gente chic que nunca gostou do flamenco. Portugal, já era velhinho. 1640 foi só
um golpe de estado em que se tirou um rei e colocou-se outro. Não houve
restauração da independência porque esta nunca se perdeu. Havia um rei em
Espanha, que era um Filipe com um número, e outro rei em Portugal que por acaso
era o mesmo Filipe mas com um número a menos, em letra romana está bem de ver,
porque foram os romanos que inventaram os lusitanos que agora se diz serem os
antepassados dos portugueses e a gente que sabe que foram os godos, os francos,
os mouros e os judeus que andaram pelas beiras, algarves, alentejos, e
estremaduras, ri-se e finge que acredita. Os lusitanos ficaram todos em Viseu a
fazer rotundas.
Saramago,
o segundo nobel português e o oitavo espanhol (evoluíram mais depressa os
espanhóis desde os Filipes), dizia que somos todos manos e isto tudo devia era
chamar-se Ibéria, que curiosamente vem do nome do rio Iber, o actual Ebro que
desagua na Catalunha. Ó diabo, onde é que isto vai dar! Deve ser por isso que
agora querem o Ebro e o Tejo como irmãos.
O
Saramago é que tinha razão. Juntava-se esta baiana toda. Madrid ficava com os
museus, os churros, o chocolate quente e a Pilar del Rio. O poder executivo ia para
Bruxelas (é a moda actual e já estamos habituados) que isto do governo quanto
mais longe melhor, o legislativo ficava em Lisboa (a ver navios) e o judicial
em Barcelona, com os mossos d’ esquadra
e os juízes. A língua oficial ficava o inglês que é uma coisa que toda a gente
sabe e assim ninguém se chateava. As outras línguas ibéricas ficavam só para as
cantigas, porque não fica bem em inglês dizer: “Besame mucho” ou “A casa da
mariquinhas tem na sala uma guitarra e janelas com tabuinhas”.
Como
chefe de Estado escolhíamos a rainha Letízia, e mandávamos o Marcelo para o
Brasil brincar com os netos, o Filipe para a Bélgica (eles têm sempre lugar
para reis estrangeiros) e o Pui não sei quê para a Venezuela aprender
castelhano e a fazer revoluções bolivarianas.
Só tinha
de haver uma condição. Ficava proibido a qualquer governante ter nome de
perfume. É que não fica nada bem!
imagem: mapa da península pintado por William Harvey (1868)
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