sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

QUEREM PERNIL? COMO? SE A NÓS TIRARAM O PASTEL DE BACALHAU, O PRESUNTO DE CHAVES E O ARROZ DOCE?!

Se pensavam que a história do pernil é um fait divers, desenganem-se. Aquilo ainda mete Sócrates, Mário Lino (o do jámé), e uma dívida de 40 milhões de euros. Não é um fait divers, mas um thriller digno de uma série da BBC, só estragada porque o ministro Augusto Santos Silva, em vez de chamar o embaixador da revolução bolivariana, veio confessar, envergonhado, que o governo não tem o poder de sabotar o pernil (não há nada mais deprimente do que um ministro a confessar a falta de poder de um governo), limitando-se à sabotagem do pastel de bacalhau, do presunto de Chaves e do arroz doce. De thriller passou a ópera bufa.
 Os venezuelanos e Simon Bolívar mereciam mais respeito, que para os portugueses bacalhau basta, desde que não sejam pastelinhos do dito, proibidos nos bares dos hospitais (ah, pois foi!). De cartola enfiada na cabeça vamos todos saudar a chegada do Novo Ano esperando que cheguem à boca de cena o Dr. Malatesta, Aka Jerónimo de Sousa, e a sua irmã Norina, Aka Catarina Martins, para cantarem a Internacional em defesa do pernil do Maduro, já que ninguém defende o pastel de bacalhau, o presunto e o arroz doce.

domingo, 17 de dezembro de 2017

OS BRINCOS DE NOSSA SENHORA


Na magnífica e bela igreja de S. Pedro em Peniche fizeram um presépio, mimoso e ingénuo, como devem ser os presépios, e onde os anjinhos aparecem com a foto do rosto dos meninos que o fizeram. Está lindo, mas causou algum “escândalo”. É claro que a palavra é exagerada, e se a utilizo é porque me lembrei das aventuras dos três mosqueteiros e do D’Artagnan que tinham por missão fazer com que a rainha de França aparecesse no baile com as jóias que imprudentemente tinha oferecido a um amigo. Se na corte francesa o facto de a rainha aparecer sem as jóias era um escândalo, num presépio, Nossa Senhora aparecer de brincos e colar causou, se não escândalo, desagrado de algumas senhoras que ali se encontravam para ouvir os coros cantarem loas ao Deus menino e a Nossa Senhora. - Que não, Nossa Senhora não usava brincos e muito menos colares, dizia uma. - Uma modernice, dizia outra, acrescentando que naquele tempo não havia brincos!
Sem querer entrar na polémica que opôs Manuel de Oliveira a Agustina Bessa Luís, sobre a riqueza de Nossa Senhora, tendo Agustina, mulher de luxos e bom gosto, a defender que sim, Nossa Senhora era rica e demonstrava-o, sempre vou afirmando às amáveis senhoras que estranharam os brincos, que já nos tempos das cavernas, as mulheres, e os homens, já agora, usavam brincos e colares, pelo que está longe de ser uma modernice. Nossa Senhora, nascida no seio de uma família de judeus, em terra ocupada por romanos, usaria de certeza brincos e colares como as mulheres da sua tribo, do mesmo modo que cobria a cabeça com o véu. De outro modo é que seria estranho.
Para provar o que digo, socorro-me do maravilhoso poema inscrito na Bíblia: O Cântico dos cânticos, escrito quase mil anos antes de Nossa Senhora nascer, e onde os Padres da Igreja vêm na mulher do poema, a alegoria da Igreja, amada por Cristo, e que tem Nossa Senhora como padroeira suprema:
A uma égua entre os carros do Faraó
eu te comparo, ó minha amiga.
Formosas são as tuas faces entre os brincos,
e o teu pescoço com os colares!
Para ti faremos arrecadas de ouro
com incrustações de prata.  (Ct 1, 9-11)

Parabéns, pois, a quem fez o presépio da Igreja paroquial de Peniche, enchendo-o com a beleza de Nossa Senhora entre brincos e colares (O José também estava bonito com ar jovem, e o menino com frio só de cueirinhos vestido).

quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

O HOMEM QUE APALPAVA PRÍNCIPES


Um homem de 48 anos é convidado para um jantar de gala para dar algum lustre artístico ao evento, tipo bobo da corte, porque é actor de Hollywood. Sentam-no ao lado do marido da princesa, genro do rei e dono do palácio onde se dá a festa. O príncipe tem 35 anos, é pai de três filhas, e quase dono da casa para onde o bobo (artista de Hollywood) foi convidado. Este, malandro, convida o “príncipe consorte” para ir até ao terraço fumar um cigarro e, por baixo da mesa, apalpa-lhe as “jóias” de família. O “príncipe”, de casaca vestida onde resplandecem uma série de medalhas não se sabe bem porquê, é homem feito e em posição hierárquica e social superior ao do artista. Em vez de uma bofetada com luva branca e um desafio para um duelo para fazer jus às medalhas que lhe pendem do peito, espera 10 anos para revelar o abuso, sem revelar quanto tempo deixou que o bobo mantivesse a mão nas “jóias”, nem se o chegou a acompanhar até à varanda para um cigarro (one after??!!), revelando unicamente, que afinal o bobo é ele!
De forma estaliniana, apagaram o bobo dos filmes, (consta que se segue Tchaikovsky, irmãos Grimm, Perrault e um tal italiano, Giambattista Basile, soldado da república de Veneza, só porque todos deram voz a um príncipe que não se deixava apalpar mas aproveitava-se de meninas virgens adormecidas, para as beijar e depois fazê-las princesas). É o que acontece quando se confunde o homem com o artista, numa Hollywood convertida aos bons costumes. Kevin Spacey (é ele o bobo) tem um pecado: só saiu do armário depois de denunciado. O lobby não perdoa…
Eu, que fico sempre perturbado quando o José Rodrigues dos Santos me pisca o olho do lado de lá do écran, acho mas é que o Spacey é um granda maluco, e os principezinhos não gostam de malucos! (acham que vale a pena queixar-me do JRS?)